Ansiedade e depressão... ...viver fora de tempo.
Quantas vezes nos sentimos deprimidos com o que já passou e ansiamos o que ai vem?
Desde o
nosso nascimento que as interações que realizamos com os outros permitem-nos
desenvolver enquanto pessoas, maturando o nosso aparelho psíquico e dotando nos
de competências pessoais, sociais, emocionais e relacionais que nos permitem responder adaptativamente as solicitações do meio.
É no meio social que acontecem as descobertas e se estabelecem as relações, onde o indivíduo se constrói e se reconstrui . O histórico destas nossas interações e as interpretações que fazemos das mesmas, condicionam a forma como nos vemos e como nos relacionamos.
Vivemos desfocados entre passado e futuro e perdemos o foco no presente,
onde realmente nos encontramos e onde temos possibilidade de agir,
sobre esse mesmo presente.
Quantas
vezes passamos em determinados lugares, por pessoas ou por eventos
importantes das nossas vidas de forma automática e dissociada, e só nos
damos conta do "presente", do que acabou de acontecer, no "futuro" quando
esse tempo já passou. Depois as culpas dão lugar a arrependimentos, que
voltam a ser repetidos em loop, sem consequência, sem mudança.
Parece
que vivemos cada vez mais fora do tempo certo, focados nos objetivos
errados, procuramos as soluções fora, que estão dentro,
somos cada vez mais estimulados, mais agidos e menos reflexivos, fatores
facilitadores para o aumento da ansiedade.
A ansiedade, aparece como uma reação natural do organismo sobre possíveis ameaças, o que permite que nos mantenhamos alertas, preparados e seguros. Por vezes, esta é caracterizada por uma preocupação excessiva face a uma situação futura, o problema é quando essa ansiedade começa a prejudicar o dia-a-dia.
O auto cuidado, o auto conhecimento e a aprendizagem de ferramentas para manejo da ansiedade e do stress podem ajudar, tais como técnicas de respiração e de relaxamento. Quando estas não forem o suficiente deverá procurar ajuda por um profissional de saúde mental.
O
aumento da intensidade da ansiedade, com ou sem uma causa aparente, leva a que as pessoas tendam a
isolar-se, a desenvolver pensamentos automáticos e ruminantes, a apresentar queixas somáticas, a manifestar um funcionamento desadaptativo e a evitar situações e pensamentos
que considerem perigosas ou que provoquem ansiedade. Podendo sentir, por vezes, medo de ter medo, e sofrer antes do evento acontecer, tornando-se a ansiedade extremamente
incapacitante e limitadora.
Sobretudo quando na presença de eventos considerados "traumáticos", isto é, situações porque tenhamos passado e que não tenhamos sido capazes de lidar através do nosso sistema de processamento adaptativo de informação.
Memorias intemporais
que ficaram "bloqueadas" ou não resolvidas, e que nos afetam no "presente". Como se determinado episódio e a sua "carga" psicológica, cognitiva, emocional e física se mantivesse presente, impedindo-nos de seguir em frente, presos a crenças negativas bloqueadoras, trazendo nos por vezes angústia, tristeza e ansiedade.
A nossa vivência deixa e ser vivida e passa a ser mais imaginada, dissociada, ficamos presos a emoções passadas e crenças sobre nós, sobre os outros, sobre o mundo. Vivemos mais no campo do pensamento e menos no real do aqui e agora.
É importante procurar ajuda de um psicólg@ porque a não "resolução" desses eventos poderá potenciar sentimentos de inadequação, incapacitação e desesperança, promovendo comportamentos de evitamento e isolamento. Este estado pode prolongar-se, podendo tornar-se um problema crónico e incapacitante, podendo dar lugar a outras patologias, como à depressão e à perturbação de stress pós traumático, que poderão afetar várias áreas da nossa vida.
Em Portugal e no mundo, tem se verificado o aumento da prevalência da depressão e ansiedade
Estima-se que atualmente a Ansiedade e a Depressão são das doenças
psicológicas com um elevado aumento de casos.
No mundo cheio de estímulos e de informação em que vivemos e que nos leva a estar permanentemente ativos.